Rodrigo Garcia - Exercício 6
6º Princípio: Semelhança e Proximidade
Sabe-se que o conceito de proximidade indica que elementos próximos espacialmente e com comportamentos análogos tendem a ser vistos como unidade, sendo esta maior tanto quanto menor a distância entre eles. Já a idéia de semelhança estabelece que elementos semelhantes por cor e forma (timbre) tendem a se agrupar naturalmente. Então, o preceito da Semelhança e Proximidade pode ser definido como a fusão dos dois princípios anteriores. É importante observar que, em se tratando de música, estas duas forças tendem a trabalhar juntas. Tome-se, como exemplo, duas versões da miniatura intitulada Mucuim. A primeira foi originalmente escrita para oito violoncelos e a segunda, orquestrada para quatro cellos e quatro trompas. O exercício consiste em tentar entender e interpretar a funcionalidade do preceito através do emprego de duas instrumentações diferentes para uma mesma peça. Para a elaboração do material composicional, foram considerados os exemplos visuais que o Prof. Ricardo Bordini forneceu:
(apesar da proximidade não existe unidade)
(semelhança/proximidade: reforço mútuo (filas de pontos maiores e menores)
Após a observação das imagens, pôde-se perceber que, em ambos os casos, a idéia sugerida é a de que existe um nível de contraste presente em ambas as figuras. Então, foi feita opção pela superposição de duas idéias contrastantes, a seguir descritas (ressalte-se que a proposta não foi a de obter nível máximo de contraste e, sim, uma condição satisfatória que permita o entendimento do princípio). Na organização das alturas, foi adotado um critério de escolha baseado na complementaridade de conjuntos: as notas utilizadas no acompanhamento executado em semicolcheias consistem em um subconjunto complementar do conjunto utilizado na melodia. No aspecto rítmico, foi utilizada uma polirritmia obtida por meio da superposição das figuras semínima pontuada - unidades de maior duração (melodia) - e semicolcheias - unidades de menor duração (acompanhamento) - organizadas dentro de um compasso ternário. No aspecto tímbrico, existe um distanciamento entre os registros que constituem esses dois planos. Ao se observar a primeira versão, pode-se intuir que motivos contrastantes, se forem tocados pelo mesmo timbre, podem constituir uma unidade, pois o timbre é o fator agregativo. Portanto, é possível afirmar que, apesar do contraste gerado, existe proximidade (simultaneidade e evolução dos eventos) e semelhança (timbre e conteúdo) no exemplo em comento. Já na segunda versão, a presença das trompas atribui um novo nível de contraste, no qual, apesar da proximidade, não existe semelhança (o timbre não constitui fator agregativo).