Breve História da Notação Musical

O autor discorre brevemente sobre a suposição de que "a música seja a linguagem internacional da humanidade". Comenta que não é a linguagem (o som) da música que é internacional mas sim que os símbolos escritos da notação musical ocidental é que são entendidos universalmente. Há ainda outras questões discutíveis neste pequeno texto introdutório que não serão apresentadas aqui mas não são essenciais ao entendimento do que segue.

Mantivemos na tradução o uso da notação com letras para identificar os nomes das notas conforme o original. Nesse sistema A = , B = Si, C = , D = , E = Mi, F = , G = Sol. Uma letra maiúscula, por exemplo: A, equivale a 2; uma letra minúscula, por exemlpo: a, equivale a 3 e assim por diante. (Ver a Tabela dos Símbolos de Registro que compara diferentes sistemas de notação.Observe ainda que o C4 equivale para nós ao C3. N.T.)]


Notação com Letras


Neumas (latim: sinal ou curvado)


Linhas de pauta


Notação Rítmica


Silabas para a Escala


Hexacordes


Notação em Tablatura


Primórdios da impressão de música

A nossa notação ortocrônica moderna (do grego: ortho significando correto e chronos significando tempo) data aproximadamente do início do Século XVI. Este foi o período em que as notas quadradas vazadas (ou "brancas") e as notas quadradas pretas (ou "coloridas") vieram a ser escritas num formato arredondado. Esta consolidação pode ser considerada uma conseqüência direta da impressão musical, estabelecida logo após a impressão de letras ter sido inventada. Em 1455 a Bíblia de Gutenberg foi publicada, e por volta de 1480 as primeiras obras musicais foram editadas, usando essencialmente os mesmos procedimentos de impressão. Inicialmente este método combinava dois processos – as linhas da pauta eram impressas primeiro em vermelho, e depois as cabeças de notas e os textos em preto. Ao seguir este plano os impressores de música estavam meramente imitando as práticas dos manuscritos monásticos, nos quais as linhas eram desenhadas em vermelho e os neumas (ou ligaduras de notas) em preto.
Um efeito colateral importante da invenção da impressão de música foi a desaceleração do processo evolucionário da notação. Assim como os formatos das letras tornaram-se padronizados pela invenção da impressão de livros, também o formato das notas musicais, sinais de claves, e acidentes tornaram-se mais estáveis quando a impressão de música suplantou a cópia à mão. Se isso foi um resultado desejável é um ponto discutível. Ninguém pode provar sem controvérsia de que o estado da notação musical nos Séculos XVI e XVII representou o desenvolvimento mais alto possível, nem alguém poderia discutir hoje que não há espaço para melhoramentos no sistema histórico.
Certamente, entretanto, a notação com pauta conforme ela evoluiu desde o advento da imprensa tem esta vantagem: ela combinou em um processo simultâneo a representação gráfica da distinção das alturas e a duração do tempo. Além disso, ele preencheu muitos requisitos básicos para um sistema visual de comunicação. Os símbolos usados são característicos seus sujeitos – são mesmo sugestivos dos sons musicais que eles representam. Além disso, estes símbolos são claros e concisos; eles são distintos ao olho (uma nota, uma pausa, e um acento não podem ser confundidos uns com os outros) e eles são relativamente fáceis de escrever e imprimir. Finalmente – e da maior importância – a quantidade total de símbolos requeridos na notação musical é comparativamente pequena, um aspecto da notação que é de ajuda inestimável para a memória.

Admitidamente comprimida, e necessariamente incompleta, a Breve História precedente foi pretendida apenas como uma crônica introdutória dos elementos da notação que se relacionam com a prática atual. Alguns outros desenvolvimentos serão relatados nos capítulos apropriados da Parte II. Para aqueles que desejarem preencher completamente o impressionante plano de fundo desta evolução histórica, entretanto, os livros listados na Bibliografia provar-se-ão fontes recompensadoras.
Mesmo partindo deste levantamento truncado, é certamente evidente que a notação musical, como qualquer outra linguagem, não aparece como invenção de um homem, nem de uma dúzia – por mais geniais que tenham sido. Ela floresceu dos esforços combinados e prolongados de centenas de músicos, todos esperando expressar por símbolos escritos a essência de suas idéias musicais. Melhoramentos naqueles símbolos sugiram porque era necessário, não porque um ou dois indivíduos decidiram arbitrariamente sobre uma mudança e impuseram a inovação aos outros. A notação resultante é, apesar de tudo, um tipo de alfabeto, moldado por um consenso geral de opinião para servir como uma técnica expressiva geral.
Para o pensamento musical – a criação – e sua realização visual – a notação – são completamente interdependentes. A notação por si só não é música; ela é somente o veículo pelo qual o compositor indica suas idéias e desejos ao executante. A notação, portanto, não é o fim mas o meio significante para o fim. Assim como na linguagem escrita pela qual o compositor comunica-se com uma audiência através de um executante, ela é também um estudo sobre relações humanas – a ser julgado pela efetividade com a qual ela comunica o que fazer, quando fazer, e como fazer.
Uma partitura musical, então, é mais como um manual de instruções – comparável talvez com o roteiro de uma peça aguardando seus atores ou como a planta de um arquiteto esperando um construtor. Uma partitura pode verdadeiramente tornar-se viva somente através do executante; sua mensagem pode ser transladada somente quando os símbolos na página impressa são adequados para a transformação inteligente em realidade musical viva. A fim de que todas as ferramentas dos notadores possam ser mais adequadas, procederemos ao levantamento dos elementos básicos da música escrita – para definir, ilustrar, discutir, e praticar os vários fatores que compreendem a notação musical.