UNIDADE 4.

Escalas

Antes de iniciar o estudo desta unidade, certifique-se de ter compreendido e praticado a Unidade 2 sobre intervalos. Escalas são sucessões de intervalos melódicos e dificuldades para ler, escrever e entoar intervalos tornarão impraticável o estudo desta unidade.

Generalidades.

Nesta unidade estuda-se a formação das escalas. Escalas são sequências de notas em geral diatônicas que, no Sistema Tonal, apresentam-se em dois modos, o modo maior e o modo menor. As escalas do modo menor dividem-se em três formas distintas: natural, harmônica e melódica, compreendendo esta por sua vez, uma forma ascendente e outra descendente. Antes, porém, ver-se-á um tópico que, ainda que complexo, é historicamente anterior e que é tratado algumas vezes com descuido, causando confusão e equívocos. Trata-se dos modos ditos gregos, eclesiásticos e medievais. Esses termos são algumas vezes tratados como sinônimos, mas são algo distintos.


01 - Sistema Modal e Sistema Tonal.

É importante mencionar aqui a definição dos dois grandes sistemas que estão na base de toda a música de tradição escrita europeia da qual somos herdeiros. O sistema modal consiste em uma série de escalas naturais, cada qual começando em uma determinada nota que remonta à tradição da música grega - os modos gregos. Na baixa Idade Média esse sistema sofre modificações introduzidas pelo cantochão e nesse contexto são denominados de modos eclesiásticos. Os oito modos eclesiásticos se ampliam e perdura até o final da Renascença passando a serem chamados de modos medievais. Esse sistema de modos ampliado para doze, na transição entre o final da Renascença e o início do Barroco, são reduzidos a apenas dois, que constituem o sistema tonal.


02 - Escalas.

Uma escala (do latim scalae significando escada) é qualquer conjunto de notas musicais ordenadas compreendendo uma oitava. Se as notas estão ordenadas da mais grave para a mais aguda ela é dita ascendente e se está ordenada da mais aguda para a mais grave então é dita descendente.


03 - Modos.

Um modo (do latim modus) é um tipo de escala, originalmente associada com caraterísticas denotativas de sentimentos ou indutoras de comportamentos. Como este termo tem várias acepções e em geral dá origem a muita confusão, mais adiante se estudará com mais detalhes este tópico.


04 - Graus da escala.

Os graus da escala ("degraus da escada") recebem nomes diferentes de acordo com sua posição e função dentro da escala. O Exemplo 1 a seguir mostra os nomes dos graus e a notação para indicar graus: números arábicos com um acento circunflexo acima. Atenção para a denominação do sexto graus pois há diferenças na literatura. O que usamos aqui é o mais recomendado segundo normas internacionais.

Exemplo 1: denominação dos graus da escala e sua representação numérica.


A explicação sobre o termo submediante vêm do círculo de quintas e que a dominante está uma quinta justa "acima" da tônica e a subdominantes está uma quinta justa "abaixo" da tônica. Em seu tratado de harmonia, Rameau referia-se à dominante com a "dominante de cima" e à subdominante como a "dominante de baixo" pois ambas estas notas estão na mesma proporção intervalar com relação à tônica. Como a mediante está entre a tônica e a dominante "de cima", embora na escala o sexto grau esteja "acima" da mediante, na representação escalar do círculo das quintas que está mostrado na pauta inferior do Exemplo 1, vê-se que o sexto grau da escala é a "mediante" da subdominante e está "abaixo" da mediante, daí a denominação de submediante.


05 - Sensível e Subtônica.

O sétimo grau da escala, como se viu anteriormente recebe a denominação de sensível quando forma um intervalo de semitom com a tônica. Entretanto, em algumas escalas, o sétimo grau forma um tom inteiro com a tônica e, neste caso, recebe a denominação de subtônica. Esta distinção é extremamente importante para entender a formação das escalas como se verá mais adiante.

Exemplo 2: o sétimo grau como subtônica.


No Exemplo 2 observa-se que os nomes dos graus são os mesmos com exceção do sétimo que recebe o nome de subtônica e está representado com um bemol antes do número 7, para indicar que este sétimo grau não forma um intervalo de semitom, mas sim de um tom com a tônica. Atenção: o bemol não quer necessariamente significar que se deve aplicar um bemol à nota do sétimo grau (pode ser um bequadro em escalas com sustenidos). Ele significa apenas que o sétimo grau forma um tom inteiro com a tônica.


06 - Escalas maiores e menores.

O sistema tonal utiliza apenas escalas maiores e menores, quer dizer, nos modos maior e menor. Há um modelo para as escalas maiores e um modelo, subdividido em três variantes, de escalas menores. O modelo para as escalas maiores é a escala natural começando com a nota Dó e o modelo para o modo menor é a escala natural começando com a nota Lá.


07 - Tetracordes.

Os modelos para a formação das escalas estão baseados num padrão de quatro notas, chamado tetracorde. O tetracorde por sua vez, apresenta diferentes sequências de tons e semitons, conforme os intervalos entre as notas. Como as escalas são disposições de notas dentro de uma oitava, com a primeira nota repetida no final ao intervalo de uma oitava, as escalas dividem-se em dois tetracordes distintos: o primeiro com as quatro primeiras notas, por exemplo: Dó, Ré, Mi e Fá, e outro com as quatro notas restantes, por exemplo: Sol, Lá, Si e Dó novamente.


08 - Graus tonais.

O primeiro, o quarto e o quinto graus de qualquer escala tonal representam as três funções mais importantes da música tonal que serão vistas na Unidade 5 sobre acordes. Assim, os graus da tônica, da subdominante e da dominante são referidos como graus tonais que são invariáveis tanto nas escalas maiores quanto nas menores.


09 - Graus modais.

O modo de uma escala no sistema tonal é definido pela mediante, ou seja, o terceiro grau da escala. Se a mediante forma um intervalo de terça maior com a tônica, então a escala é dita: maior. Se, por outro lado, a mediante forma um intervalo de terça menor com a tônica, então a escala é dita: menor. Como a mediante define uma terça que é fixa dentro da escala, ela pé chamada de grau modal invariável. Mais adiante ver-se-á que o sexto grau (a submediante) no modo menor pode variar a depender da forma da escala é, por isso, chamado de grau modal variável. O sétimo grau também varia bastante no modo menor, mas como ele tem dois nomes: sensível e subtônica, pode-se facilmente distinguir um do outro.


10 - Formação das escalas maiores.

Partindo-se da escala natural começando com a nota Dó, pode-se gerar todas as outras seguindo-se um processo recursivo. Quem dá o nome da escala é a tônica (o primeiro grau da escala) e a mediante (o terceiro grau) define se ela e maior ou menor. Assim, a escala natural que começa com a nota Dó será denominada de Dó maior, já que a mediante, a nota Mi, forma um intervalo de terça maior com a tônica.

O processo de formação das escalas é bem simples: estende-se a escala de Dó maior dividindo-a em dois tetracordes. O padrão de tons e semitons do primeiro tetracorde é: tom + tom + semitom. O mesmo padrão também está reproduzido no segundo tetracorde (ver o Exemplo 3 mais adiante). O processo para gerar escalas com sustenidos na armadura é semelhante ao processo pra gerar escalas com bemóis na armadura. Nas escalas com sustenidos, o segundo tetracorde torna-se o primeiro da uma nova escala e, nas escalas com bemóis, o primeiro tetracorde torna-se o segundo da nova escala. Observe-se os processos no Exemplo 3a e 3b a seguir.

Exemplo 3a: formação de escalas maiores com sustenidos.




  1. Estender a escala de Dó maior separando-a em dois tetracordes. Observar que o segundo tetracorde está uma quinta justa mais agudo do que o primeiro; todas as notas do segundo tetracorde estão na mesma proporção, portanto, o segundo tetracorde é uma transposição uma quinta justa mais aguda do que o primeiro. Esse fato é confirmado pelo padrão de tons e semitons que estão distribuídos igualmente nos dois tetracordes;
  2. Copie o segundo tetracorde e comece uma nova escala completando o segundo tetracorde até chegar à oitava. Observar que o segundo tetracorde começa novamente uma quinta mais aguda do que o primeiro;
  3. Ao fazer isso, entretanto, o segundo tetracorde não apresenta o mesmo padrão de tons e semitons. Para corrigir, deve-se apor um sustenido no sétimo grau da escala para que forme um semitom com o primeiro grau, ou seja, criar uma sensível;
  4. Como nesta escala, todos os Fás serão sustenidos, para evitar a escrita repetitiva de alterações na pauta, coloca-se o sustenido na armadura, na linha correspondente ao Fá;

Cria-se assim a escala de Sol maior: a tônica é Sol (que dá o nome à escala) e a mediante forma uma terça maior com a tônica, e todas as notas desta escala estão exatamente uma quinta justa mais aguda do que a de Dó maior. A partir da escala de Sol maior, seguindo-se o mesmo processo, cria-se a escala de Ré maior, que está uma quinta mais aguda do que a de Sol maior e assim por diante.

Atenção note que a cada nova escala, está-se adicionando um sustenido no sétimo grau da nova escala e que esta está uma quinta justa mais aguda do que a anterior. Isso é importante para entender a distribuição dos sustenidos nas armaduras com sustenidos.

Exemplo 3b: formação de escalas maiores com bemóis.




  1. Estender a escala de Dó maior separando-a em dois tetracordes. Observar que o segundo tetracorde está uma quinta justa mais agudo do que o primeiro; todas as notas do segundo tetracorde estão na mesma proporção, portanto, o segundo tetracorde é uma transposição uma quinta justa mais aguda do que o primeiro. Esse fato é confirmado pelo padrão de tons e semitons que estão distribuídos igualmente nos dois tetracordes;
  2. Copie o primeiro tetracorde e comece uma nova escala completando o primeiro tetracorde até chegar a tônica. Observar que o primeiro tetracorde agora ficou uma quinta mais grave do que o segundo;
  3. Ao fazer isso, entretanto, o primeiro tetracorde não apresenta o mesmo padrão de tons e semitons. Para corrigir, deve-se apor um bemol no quarto grau da escala para que forme um semitom com o terceiro grau, a mediante;
  4. Como nesta escala, todos os Sis serão bemóis, para evitar a escrita repetitiva de alterações na pauta, coloca-se o bemol na armadura, na linha correspondente ao Si;

Cria-se assim a escala de Fá maior: a tônica é Fá (que dá o nome à escala) e a mediante forma uma terça maior com a tônica, e todas as notas desta escala estão exatamente uma quinta justa mais grave do que a de Dó maior. A partir da escala de Fá maior, seguindo-se o mesmo processo, cria-se a escala de Si bemol maior, que está uma quinta mais grave do que a de Fá maior e assim por diante.

Atenção: note que a cada nova escala, está-se adicionando um bemol no quarto grau da nova escala e que esta está uma quinta justa mais grave do que a anterior. Isso é importante para entender a distribuição dos bemóis nas armaduras com bemóis.

Em resumo, a cada nova escala com sustenidos está-se alterando sempre a terceira nota do segundo tetracorde transformando-a numa sensível - está-se alterando o sétimo grau da escala. A cada nova escala com bemóis está-se alterando sempre a quarta nota do tetracorde - está-se alterando o quarto grau da escala pra que forme uma quarta justa com tônica colocando o semitom entre a mediante e a subdominante. Mais ainda, a posição dos semitons nas escalas maiores é sempre fixa: há um semitom entre o terceiro e o quarto graus (mediante e subdominante) e outro entre o sétimo e o primeiro graus (sensível e tônica). As escalas resultantes estão sempre uma quinta mais aguda do que a anterior nas escalas com sustenidos e sempre uma quinta mais grave do que a anterior nas escalas com bemóis.

O Exemplo 4 mostra todas as escalas maiores com sustenidos e com bemóis

Exemplo 4a: escalas maiores com sustenidos.


Exemplo 4b: escalas maiores com bemóis.


Apenas por razões didáticas, deixou-se espaços entre as alterações das armaduras e a primeira nota da escala, mas na prática não se deixam aqueles espaços. As escalas foram escritas na oitava em que menos linhas suplementares são necessárias, mas para cantar, a depender do tipo de voz, será necessário iniciar em outra oitava.

Tanto nas escalas com sustenidos quanto nas com bemóis, inicia-se com Dó maior e termina-se com Dó sustenido maior ou com Dó bemol maior, ou seja, um semitom acima ou um semitom abaixo, quando todas as notas estarão sustenizadas ou bemolizadas. Teoricamente pode-se continuar criando escalas além daquelas, mas seria necessário usar dobrados sustenidos e dobrados bemóis, o que não é prático, já que se pode optar por uma escala enarmônica com menos alterações. Por exemplo, poder-se-ia criar a escala de Sol sustenido maior, o que exigiria um Fá dobrado sustenido na armadura. Mas a escala de Sol sustenido maior é enarmônica de Lá bemol maior, que só exige quatro bemóis na armadura.


11 - Formação das escalas menores.

O processo de formação das escalas menores na sua forma natural, segue o mesmo princípio das escalas maiores, com a diferença de que em vez de começar com a escala natural a partir de Dó, começa-se com a escala natural a partir de Lá. Não se reproduzirá novamente o processo, uma vez que é recursivo. Mais importante é mostrar a constituição das diferentes formas da escala menor. Lembre-se: a escala menor natural, como já se viu anteriormente no item 5, não tem sensível, mas sim, subtônica.

Importante: observe-se no Exemplo 5 a seguir a diferença na posição dos semitons nas escalas maiores e nas escalas menores naturais. Na escala maior os dois tetracordes são iguais, ao passo que nas menores naturais os dois são diferentes quanto à posição dos semitons. Apesar de usar as mesmas notas, a rotação que se opera do início em Dó para o início em Lá, desloca a posição dos semitons. Interessante notar que o segundo tetracorde da escala menor natural é uma retrogradação (ler de trás para a frente) do primeiro (ou do segundo) tetracorde da escala maior.

Exemplo 5: comparação dos tetracordes nas escalas maiores e menores naturais.



12 - A escala menor natural.

O Exemplo 6 mostra as escalas menores na forma natural com sustenidos e bemóis.

Exemplo 6a: escalas menores na forma natural com sustenidos.


Exemplo 6b: escalas menores na forma natural com bemóis.



13 - A escala menor harmônica.

Como a escala menor natural não tem sensível, para resolver um problema de harmonia - daí a denominação de escala harmônica - no sistema tonal, precisou-se alterar o sétimo grau da escala menor natural para que ele se tornasse uma sensível. Para obter um semitom entre o sétimo grau e o primeiro, faz-se o sétimo grau da escala menor natural ficar um semitom cromático mais agudo (alteração "ascendente"), seja com o uso de um sustenido ou dobrado sustenido nas escalas com sustenidos ou, com um sustenido ou um bequadro nas escalas com bemóis. Ao fazer essa operação, obtém-se um intervalo de segunda aumentada entre o sexto e o sétimo graus da escala. Este intervalo apresenta uma sonoridade notavelmente incomum, já que de resto as escalas são combinações de tons e semitons.

Exemplo 7: formação da escala menor harmônica.


Ao escrever as escalas menores harmônicas, observe-se o emprego do dobrado sustenido, bem como do bequadro nas escalas com bemóis. O Exemplo 8 apresenta as escalas harmônicas com sustenidos e bemóis.

Exemplo 7a: escalas menores na forma harmônica com sustenidos.


Exemplo 7b: escalas menores na forma harmônica com bemóis.



14 - A escala menor melódica.

Para "corrigir" o intervalo de segunda aumentada das escalas menores harmônicas, divisou-se uma escala melódica que se apresenta em duas variantes: a forma ascendente e a forma descendente. A forma ascendente altera o sexto grau da escala da escala de modo a eliminar o intervalo de segunda aumentada. Ao fazer isso o segundo tetracorde da forma ascendente fica igual ao de uma escala maior. A forma descendente altera o sétimo e o sexto graus da escala, retornando-os à sua configuração originária da forma natural em sentido reverso.

Exemplo 8: alterações na formação da escala melódica.


Os Exemplos 9a e 9b mostram todas as escalas melódicas ascendentes e descendentes com sustenidos e com bemóis respectivamente. Observe-se que para cancelar um dobrado sustenido usa-se o sustenido ao invés do bequadro, pois este anularia os dois sustenidos implícitos no dobrado sustenido.

Exemplo 9a: escalas menores na forma melódica com sustenidos.


Exemplo 9b: escalas menores na forma melódica com bemóis.



15 - Comparação entre tetracordes.

Há várias maneiras de dispor tons e semitons em tetracordes. Para o sistema tonal e para as escalas maiores e menores, no entanto, basta estudar 4 configurações conforme se pode ver no Exemplo 10. A escala maior tem dois tetracordes iguais. A menor natural tem dois diferentes, mas o primeiro nunca muda. A escala harmônica tem o primeiro igual ao primeiro da natural e o segundo diferente. A escala melódica ascendente tem o primeiro igual ao primeira da natural e o segundo igual ao da maior e a descendente é igual à menor natural em sentido reverso.

Exemplo 10: comparação entre os tetracordes.



16 - Disposição dos acidentes nas armaduras das claves.

A ordem de colocação dos acidentes nas armaduras segue um padrão lógico e procura manter todos os acidentes dentro das linhas da pauta. Os Exemplos 11a e 11b a seguir mostram a distribuição dos acidentes nas claves de Sol, Dó na terceira linha, Dó na quarta linha e de Fá, tanto dos sustenidos quanto dos bemóis.

Exemplo 11a: disposição dos acidentes nas armaduras com sustenidos em diferentes claves.


Exemplo 11b: disposição dos acidentes nas armaduras com bemóis em diferentes claves.



17 - Ordem dos acidentes nas armaduras com sustenidos e com bemóis.

Como as armaduras com sustenidos seguem um padrão de quintas ascendentes e as armaduras com bemóis um padrão de quintas descendentes, a ordem de colocação dos sustenidos na armadura é invertida nas armaduras com bemóis e vice-versa.

Exemplo 12: ordem inversa nas armaduras com sustenidos e bemóis.



18 - Escalas relativas, homônimas e enarmônicas.

Há uma terminologia específica para se referir à relação entre as escalas e suas armaduras.

  1. Relativas: têm a mesma armadura, mas tônicas diferentes. Por exemplo: Dò maior e Lá menor. Este termo refere-se sempre a relação entre uma escala maior e outra menor ou vice-versa. Em uma escala maior, o sexto grau da escala será a tônica da relativa menor (é mais fácil pensar em uma terça menor abaixo do que uma sexta maior acima). Nas escalas menores, o terceiro grau será a tônica da relativa maior;
  2. Homônimas: têm a mesma tônica, mas modos diferentes e, por conseguinte, armaduras diferentes. Por exemplo: Dó maior (nenhuma alteração na armadura) e Dó menor (três bemóis na armadura);
  3. Enarmônicas: têm tônicas diferentes, mas o mesmo tom (som) de todas as notas. Por exemplo: Fá sustenido maior e Sol bemol maior. Há três pares de tonalidades enarmônicas:
    1. Si maior e Dó bemol maior (ou suas relativas: Sol sustenido menor e Lá bemol menor respectivamente);
    2. Fá sustenido maior e Sol bemol maior (ou suas relativas: Ré sustenido menor e Mi bemol menor respectivamente);
    3. Dó sustenido maior e Ré bemol maior (ou suas relativas: Lá sustenido menor e Si bemol menor respectivamente).

19 - O círculo das quintas.

Um dos modelos de organização de escalas e que serve para vários outros propósitos, como se verá na Unidade 5, é o círculo das quintas. Trata-se de uma disposição circular das tônicas das escalas que mostra a relação intervalar que há entre elas e, portanto, entre suas armaduras. Pode-se fazer um círculo para as escalas maiores e outro para as escalas menores. Entretanto, pode-se juntar os dois círculos em um só, como se pode ver no Exemplo 13. Assim, tem-se um panorama completo das escalas relativas, homônimas e enarmônicas. No Exemplo 13 usa-se a seguinte convenção: iniciais maiúsculas representam escalas maiores e iniciais minúsculas representam escalas menores (na forma natural).

Importante enfatizar: as escalas relativas têm a mesma armadura e as escalas homônimas têm três alterações a menos na armadura. A tônica das escalas relativas menores está uma terça abaixo da tônica da escala relativa maior e a tônica das relativas menores está uma terça acima da tônica da escala relativa menor.

Exemplo 13: o círculo das quintas.


Para saber de qual escala uma determinada armadura com sustenidos é, basta olhar o último sustenido: este acidente estará no grau da sensível (o sétimo grau da escala) e, portanto, a tônica estará um semitom diatônico depois. Por exemplo: se o último sustenido de uma armadura é o Lá sustenido, o grau conjunto seguinte é Si e assim, a escala é de Si maior ou sua relativa que é Sol sustenido menor. De modo contrário, para saber quantos sustenidos terá uma determinada escala, basta saber quem é a sensível (o sétimo grau da escala): esta nota que está um semitom antes da tônica será o último sustenido da armadura. Por exemplo, para saber quantos sustenidos tem a armadura de Mi maior procura-se o semitom diatônico antes de Mi que é Ré sustenido. Então conta-se os sustenidos necessários para chegar ao Ré sustenido: Fá sustenido, Dó sustenido, Sol sustenido é Ré sustenido. Encontra-se 4 sustenidos e esta é a armadura de Mi maior ou de sua relativa Dó sustenido menor. Para saber a armadura das escalas menores com sustenidos é mais fácil ver quem é a relativa maior e então aplicar o procedimento. Por exemplo: se queremos saber quantos sustenidos tem a escala de Sol sustenido menor, acha-se a relativa que está a uma terça menor ascendente e encontra-se Si e seguindo o procedimento encontra-se 5 sustenidos na armadura.

Para as escalas com bemóis, o processo é diferente. Se se quer saber de qual escala é uma determinada armadura, basta procurar o penúltimo bemol. Este estará na nota da tônica. Com exceção de Fá maior que só tem um bemol, este processo pode ser aplicado a todas as outras escalas com bemóis. Por exemplo: se o penúltimo bemol de uma armadura é o Lá bemol, a escala será de Lá bemol maior e terá um bemol a mais na armadura que será o Ré bemol. Por outro lado, para saber quantos bemóis tem a armadura de uma determinada escala, toma-se a tônica e coloca-se um bemol a mais. Por exemplo: se se quer saber quantos bemóis tem a armadura de SOl bemol maior conta-se os bemóis necessários para chegar em Sol bemol e acrescenta-se mais um. Por exemplo: para chegar em Sol bemol conta-se: Si bemol, Mi bemol, Lá bemol, Ré bemol e Sol bemol. Até aqui há 5 bemóis e precisa-se acrescentar mais um que será o Dó bemol e, portanto, a armadura de Sol bemol maior terá seis bemóis. Para as escalas menores o processo é idêntico ao dos msustenidos: encontra-se a relativa maior e procura-se a sua armadura.


20 - As 24 escalas.

No Quadro 1 a seguir estão resumidas as escalas em ordem cromática ascendente. Como há três pares de escalas enarmônicas, o sistema tonal compreende 12 escalas maiores e 12 escalas menores. Nas escalas enarmônicas, escolhe-se em geral a que tem menos acidentes na armadura, mas encontra-se música escrita com todas as 30 escalas possíveis, 15 maiores e 15 menores. Uma obra de referência que contém prelúdios e fugas em todas as tonalidades é o Cravo bem temperado de J. S. Bach. Sua audição e estudo da partitura traz benefícios importantes aos estudantes.

MaioresMenores#bObservações
100
2Dó#Réblá#sib75Réb tem menos acidentes do que Dó#
3si20
4Mib03
5Midó#40
601
7Fá#Solbré#mib77mesma quantidade de sustenidos e bemóis
8Solmi10
9Láb04
10fá#30
11Sibsol02
12SiDóbsol#láb57Si tem menos acidentes do que Dób

21 - A escala cromática.

A escala cromática contém todas as 12 notas que dividem a oitava. Em geral usam-se sustenidos quando na forma ascendente e bemóis quando na forma descendente, mas isso não é uma regra fixa, pois a depender do contexto a escolha dos acidentes a serem usados pode variar.

Exemplo 14: a escala cromática.



Fim da Unidade de Escalas.

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