UNIDADE 3.
Durações
Generalidades.
Nesta unidade estuda-se a parte da notação musical que está relacionada com a duração das notas. Os vários conceitos envolvidos são muitas vezes intercambiáveis, mas é importante defini-los com clareza, entendê-los e principalmente aplicá-los.
Trata-se aqui da notação e dos conceitos relacionados genericamente ao termo ritmo que se refere à alternância e regularidade das pulsações do tempo, à diferenciação entre ênfases na acentuação e da divisão dos pulsos. Diz respeito à sucessão de tempos fortes e fracos, à métrica e suas modificações. É resultante de padrões criados pela proporcionalidade (notação mensural) que há entre as figuras de duração tomadas como referência e expressas nas fórmulas de compasso. Mais especificamente refere-se às possibilidades de combinar durações iguais ou diferentes em unidades mais simples de acordo com o que a divisão dos tempos permite.
Apresenta-se inicialmente a parte teórica que está exemplificada no quadro geral que conclui esta unidade.
01 - Metro (ou métrica).
O metro é um padrão recorrente de pulsações fortes e fracas também chamadas de tempos. Assim, diz-se que o metro pode ser binário - quando há a sucessão de um tempo forte e um fraco, ternário - quando há a sucessão de um tempo forte e dois fracos etc.
02 - Compasso.
O compasso é um padrão completo e recorrente de tempos com uma determinada métrica sendo os padrões separados por barras de compasso. Normalmente o primeiro tempo é a pulsação mais forte, mas em compassos mais longos, pode haver acentuações secundárias também enfatizadas, embora não tanto quanto a do primeiro tempo.
03 - Fórmula de compasso.
A fórmula de compasso está inextricavelmente ligada ao metro pois ambos determinam as relações de medida temporal dos tons. Já se viu na Unidade 1a o significado dos números que compõem a fórmula de compasso. Viu-se também que os compassos podem ser simples ou compostos. Nos compassos simples o numerador indica a quantidade de tempos em cada compasso e, nos compostos a quantidade de pulsações internas. O denominador indica a figura que representa cada tempo nos compassos simples ou a figura que representa cada pulsação interna nos compassos compostos. Há ainda outros tipos que serão vistos mais adiante.
04 - Compassos regulares e irregulares.
Os compassos regulares são aqueles em que o numerador pode ser dividido igualmente por dois ou por três resultando em metades ou em terços. Por exemplo, os compassos binários e quaternários podem ser divididos em metades iguais e os ternários em terços iguais. Por outro lado, os compassos quinários e setenários, por exemplo, não podem ser divididos em metades ou terços iguais.
05 - Compassos simples e compostos.
Os compassos simples são aqueles em que os tempos são divididos normalmente em unidades de dois ou seus múltiplos (dois, quatro, oito etc.). Os compassos compostos são aqueles em que os tempos são divididos não em unidades de dois, mas de três.
06 - Classificação quanto à métrica.
A métrica é determinada pela quantidade de tempos em um compasso. Nos compassos simples a métrica é indicada pelo número superior da fórmula de compasso e para os compassos compostos é definida pelo número superior dividido por três. Tanto uns quanto os outros podem ter qualquer quantidade de tempos por compasso, mas os mais comuns são os que seguem.
- Unário: somente um tempo por compasso;
- Binário: dois tempos por compasso - o primeiro é forte e o segundo é fraco;
- Ternário: três tempos por compasso - o primeiro é forte e os outros dois são fracos;
- Quaternário: quatro tempos por compasso - o primeiro e forte, o segundo é fraco, o terceiro é meio-forte e o quarto é fraco;
- Quinário: cinco tempos por compasso - pode também conter ênfases internas como 3 + 2 ou 2 + 3.
- Senário: seis tempos por compasso - pode parecer-se com dois ternários 3 + 3 ou pode ter ênfases internas como 2 + 2 + 2;
- Setenário: sete tempos por compasso - pode conter ênfases internas como 3 + 4 ou 4 + 3;
- Octonário: oito tempos por compasso - pode parecer-se com dois quaternários 4 + 4;
- Nonário: nove tempos por compasso - pode parecer-se com três ternários 3 + 3 + 3;
- Decenário: dez tempos por compasso - pode parecer-se com dois quinários 5 + 5.
Pode haver compassos com métricas maiores ainda, mas não faz sentido usá-los já que podem ser separados em unidades mais simples. Cuidado! Não confundir tipos de compassos (simples e compostos) com métrica, por exemplo, um compasso com métrica senária não é um compasso binário composto. A métrica é aplicada tanto a compassos simples quanto a compostos - qualquer um deles pode ter qualquer métrica, por exemplo, tanto o compaso binário simples quanto o compasso binário terão dois tempos por compasso, mas seus tempos serão divididos diferentemente como se verá mais adiante.
Normalmente consideram-se os compassos binários, ternários e quaternários e seus múltiplos como compassos regulares e os compassos quinário, setenário e seus múltiplos como irregulares. Ainda que possa haver músicas com quaisquer das métricas mencionadas anteriormente, muitas delas são apenas teóricas, já que raramente são usadas. As métricas mais comuns são as binárias, ternárias e quaternárias, tanto em compassos simples quanto compostos.
07 - Compassos correspondentes.
A cada compasso simples corresponde um composto. Basta multiplicar o número superior da fórmula de compasso de um compasso simples por três e ter-se-á o correspondente composto ou, contrariamente, divide-se o número superior da fórmula de compasso de um compasso composto por três para obter-se o correspondente compasso simples.
08 - Unidades de compasso e de tempo.
A classificação dos compassos também requer a especificação de unidades de compasso e unidades de tempo. A unidade de tempo é a figura que representa cada tempo; nos compassos simples é sempre uma figura normal e nos compassos compostos e sempre uma figura pontuada. A unidade de compasso é a figura que preenche o compasso inteiro; nos compassos binários e quaternários simples (e seus múltiplos) é sempre uma figura normal, mas nos compassos ternários simples (e seus múltiplos) é sempre uma figura pontuada. Nos compassos ternários compostos a unidade de compasso é sempre uma figura pontuada ligada a outra também pontuada com metade da duração da anterior. Isso acontece porque como a proporção das figuras é sempre em metades, durações ímpares não podem ser representadas por uma única figura.
Quadro 1: quadro geral de fórmulas de compassos baseado em Read (1979, pp. 151-155).
Compassos regulares | |
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Binários simples | Binários compostos |
Ternários simples | Ternários compostos |
Quaternários simples | Quaternários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa" pontuada, uma figura de duração em desuso. |
Senários simples ou duplo ternários | Senários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa" pontuada, uma figura de duração em desuso. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa" pontuada, uma figura de duração em desuso, ligada a uma breve pontuada. |
Octonários simples ou duplo quaternários | Octonários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima", uma figura de duração em desuso. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima" pontuada, uma figura de duração em desuso. |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa" pontuada, uma figura de duração em desuso. |
Nonários simples ou triplo ternários | Nonários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima", uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima" pontuada, uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve pontuada. |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma mínima. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima" pontuada, uma figura de duração em desuso, ligada a uma mínima pontuada. |
Compassos irregulares | |
---|---|
Quinários simples | Quinários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve pontuada. |
Setenários simples | Setenários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma breve pontuada. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma breve pontuada ligada a uma mínima pontuada. |
Decenários simples ou duplo quinários | Decenários compostos |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima", uma figura de duração em desuso, ligada a uma breve. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "máxima", uma figura de duração em desuso, ligada a uma breve pontuada. |
Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve. | Teoricamente possivel, mas a unidade de compasso é a "longa", uma figura de duração em desuso, ligada a uma semibreve pontuada. |
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09 - Mudança de metro.
Quando há mudança de fórmula de compasso (metros diferentes ou iguais) de um compassos simples para outro simples, basta mudar a fórmula de compasso, pois a unidade de tempo permanece a mesma ou é proporcional, por exemplo: a mudança de compasso de 2/4 para 3/4 (metros diferentes e unidades de tempo iguais) mantém a mesma unidade de tempo ou, a mudança de compasso de 2/4 para 2/2 (metros iguais mas unidades de tempo diferentes) altera a unidade de tempo proporcionalmente, ou seja, a semínima do 2/4 que equivale a um tempo, torna-se metade da mínima que é a nova unidade de tempo. Exemplos 1a e 1b respectivamente.
Entretanto, se a mudança de fórmula de compasso envolver mudança de fórmula de compassos simples para compostos ou vice-versa, ainda que por princípio a unidade básica, o tempo, continue igual (equivalente), em alguns casos faz-se necessário indicar a relação entre as figuras de duração que, neste caso vêm indicadas entre parênteses logo acima da nova fórmula de compasso. Exemplos 1c e 1d respectivamente.
No Exemplo 1c embora o tempo permaneça constante, no binário composto há mais notas em cada tempo, por isso a impressão de que a música fica mais "rápida". Já no Exemplo 1d a colcheia permanece constante, de modo que parece que a música fica mais "lenta", pois no compasso composto há mais colcheias em cada tempo.
10 - Fórmulas de compasso incomuns.
A partir do início do Século XX muitas inovações na notação foram propostas na parte rítmica da música. Algumas dessas inovações estão descritas a seguir. Não que algumas dessas inovações sejam exclusivas do Seculo XX pois há precedentes do uso de unidades mais curtas em J.S. Bach na "Gigue da sexta Suite Inglesa, por exemplo, que tem uma fórmula de 12/16; o Prelúdio No. 15 do Cravo Bem-temperado é prefaciado com uma fórmula de 24/16. A Sonata para Piano Op. 111 de Beethoven tem uma fórmula de 12/32 em um dos movimentos" (READ, 1979, p. 161). Também o uso de valores mais longos podem ser encontrados em "Camille Saint-Saëns no movimento final da sua Sinfonia No. 3 e por Nicolai Rimsky-Korsakov na sua Abertura da Páscoa Russa" que usaram a fórmula 3/1 (idem, ibidem).
- A fórmula consiste apenas do numerador e a figura da unidade de duração deve ser subentendida (em geral está dada na indicação do andamento);
- Exploraçao de unidades menores tais como semiclocheias e fusas em vez de mínimas, semínimas e colcheias, por exemplo: 3/16, 8/16, 3/32 etc.;
- Exloração de valores mais longos com unidades de tempo como a semibreve e mesmo a breve, por exemplo: 3/1, 6/2;
- Mesmo com unidades de tempo padrão (denominadores como semínimas e colcheias), há um aumento na quantidade de tempos (numeradores maiores), por exemplo: 11/4 e 21/8;
- Contrariamente, denominadores com a semínima e a colcheia são usados com numeradores ainda menores, por exemplo: 1/4, 1/8, 2/8.
11 - Metros alternados.
A alternância regular de metros poe ser escrita com uma dupla fórmula de compasso, por exemplo: 3/4 + 4/4 ou 2/4 + 3/8 etc.
12 - Metros variáveis.
Quando há alternância de metros não regulares há que escrever-se as fírmulas praticamente a cada compasso. Para facilitar a escrita, em partituras com mais de uma pauta costuma-se escrever as fórmulas entre as pautas.
13 - Metros compostos (ou combinados).
Fórmulas de compasso compostas (ou combinadas) são usadas quando se quer dividir os agrupamentos rítmicos notrmis de uma fórmula de compasso em agrupamentos não tradicionais ou não regulares. No Exemplo 2 a seguir observa-se que ambos os compassos tem 8 colcheias, entretanto, a divisão dos tempos é diferentes.
14 - Polimétros(ou metros simultâneos).
Polimétros resultam quando diferentes partes estão escritas com fórmulas de compasso diferentes, mas devem tocar juntas ou quando as partes têm a mesma fórmula de compasso, mas divisões diferentes dos tempos.
15 - Metros mistos.
Fórmulas de compasso com metros desiguais, por exemplo: 2/4 + 1/8.
16 - Metros fracionários e decimais.
Há dois tipos: "metros em que uma fração é adicionada ao numerador - como 2½/4; e aqueles em que uma fração ... é o numerador - por exemplo: ¾/4" (READ, 1979, p. 175). A fração aqui se refere à unidade de tempo, não à unidade de compasso. Uma fórmula de compasso 4½/8 será equivalente a uma fórmula de compasso 4/8 + 1/16 e terá, portanto, 4 colcheias e uma semicolcheia.
Metros fracionários também podem ser escritos usando decimais. A fórmula de compasso 4½/4 pode ser escrita como 4.5/4 (ou 4,5/4 dependendo do sistema de separador de decimais de cada país).
17 - Outras inovações.
Práticas mais recentes podem ser vistas no Exemplo 4 a seguir e compreendem: substituir o denominador pela figura de duração da unidade de tempo como unidades mpetricas e escrever as fórmulas de compasso fora e acima das pautas (com travessão ou travessão inclinado para separar o numerador do denominador).
18 - Unidades de tempo maiores do que a semibreve
Com essa notação tradicional, a semibreve é considerada a unidade da qual as subdivisões são proporcionalmente metades ou terços. Mas é possível usar unidades maiores do que a semibreve como denominador nessa notação mais recente. O Exemplo 5 mostra um compasso 4/breve. Nesse caso é necessário duplicar o numerador e escrever a fórmula como 8/1.
19 - Quiálteras
Termo genérico que se refere a divisões anormais (ou irregulares) das unidades de tempo ou de compasso ou mesmo de partes de tempos. As quiálteras podem ser aumentativas ou diminutivas. Quando há mais notas do que a divisão normal diz-se que a quiáltera é aumentativa e quando há menos, diminutiva. Por exemplo: se num tempo de um compasso binário simples, em vez de dividí-lo em duas colcheias quer-se dividí-lo em três, está-se a aumentar a quantidade normal de colcheias e, portanto, trata-se de uma quiáltera aumentativa. Por outro lado, se num tempo de um compasso binário composto, em vez de dividirmos o tempo em três colcheias quer-se dividí-lo em apenas duas, está-se a diminuir a quantidade normal de colcheias e, assim, tem-se uma quiáltera diminutiva. Atenção! Qualquer quiáltera diminutiva pode ser escrita como uma nota pontuada e, por isso, não se costuma usá-las, embora sejam encontradas na literatura musical mormente do Século XIX. Ver o exemplo 6 a seguir.
A quantidade anormal de figuras de duração colocadas na divisão normal é indicada por um número colocado acima ou abaixo do grupo de notas. Antigamente o número era acompanhado de uma pequena ligadura acima ou abaixo dele, mas recentemente passou-se a usar um colchete sobre ou sob o número ou, o traço do colchete pode ser interrompido para acomodar o número alinhado com a nota central do grupo (e não com o centro do colchete). Se o grupo de notas é composto de figuras de duração do mesmo tipo pode-se colocar apenas o número, entretanto, se as figuras contém figuras diferentes com hastes e colchetes ou com pausas no início ou no fina do grupo, então é obrigatório usar o colchete para deixar mais clara a abrangência do agupamento.
Os valores de duração a serem usados para escrever as quiálteras são sempre os mesmos dos da divisão normal, exceto se a quantidade ultrapassar o dobro da divisão normal e, nesse caso, usa-se a figura de duração da subdivisão subsequente. Por exemplo: se a divisão normal for duas colcheias e, em vez de colocar três colcheias de quiáltera quer-se colocar cinco, teremos que escrever semicolcheias, já que cinco ultrapassa o dobro da divisão normal que é quatro.
Para referir-se à quantidade de quiálteras pode-se dizer, por exemplo: três quiálteras ou quiálteras de três. Pode-se também usar a terminologia técnica mostrada no Quadro 2 a seguir, modificado e ampliado a partir de Read (1979, p. 193) para conter os termos equivalentes em portugês.
Português | Italiano | Francês | Alemão | Inglês |
---|---|---|---|---|
duina | duoletta | duolet | Duole | duplet |
tercina | tripletta | triolet | Triole | triplet |
quartina | quadroletta | quartolet | Quatrole | quadruplet |
quintina | quintupletta | quintolet | Quintole | quintuplet |
sestina | sestima | sextolet | Sextole | sextuplet |
septina | septimole | septolet | Septole | septuplet |
octina | ottemole | octolet | Octole | octuplet |
nonina | novemole | nonolet | Nonole | nonuplet |
decina | decimole | decolet | Decole | decuplet |
grupo de 11 (notas) | gruppetto di 11 (note) | groupe de 11 (notes) | Gruppe von 11 (Noten) | group of 11 (notes) |
E assim por diante. |
Quiálteras também podem conter figuras de duração diferentes bem como pausas, desde que perfaçam a quantidade necessária para completar o tempo, parte de tempo ou mesmo um compasso inteiro. Quiálteras podem ainda conter grupos internos de outras quiálteras. Alguns exemplos estão a seguir.
Se o grupo de quiálteras usa travessões secundários, este deve eventualmente ser interrompido conforme o contexto. Se o grupo estiver acoplado com uma unidade de tempo ou se está acoplado a uma figura contendo durações desiguais, o travessão secundário fica inteiro, mas se o grupo estiver acoplado com subdivisões do tempo ou com outros grupos de quiálteras com durações iguais, o travessão deve ser interrompido para tornar mais claro o acoplamento, conforme se pode ver no Exemplo 10 a seguir.
Um problema especial da escrita e da execução musicais é o acoplamento de grupos de notas com divisão normal com grupos de quiáteras ou mesmo entre grupos de quiálteras com quantidades diferentes de notas. Os acoplamentos mais comuns são: duas notas contra tercinas e quatro notas contra tercinas, ou como se diz geralmente: 2 contra 3 e 4 contra 3. Pode-se acoplar também 4 contra 5, 6 contra 7, 5 contra 7 e qualquer combinação de grupos normais com quiálteras de qualquer quantidade, mas por enquanto, aborda-se aqui apenas aquelas duas combinações que são as mais comuns.
Para alinhar as notas nesses agrupamentos usa-se o seguinte método (conforme Read (1979, pp. 190-192): multiplica-se a quantidade de notas de menor duração da divisão normal (ou regular) pela quantidade de notas da divisão irregular (quiálteras), ou seja, acha-se o mínimo múltiplo comum (mmc) das quantidades. Por exemplo: para alinhas duas colcheias acopldas com tercinas, multiplica-se 2 (duas colcheias) por 3 (tercinas) que é igual a 6, assim, precisa-se dividir o espaço em seis partes iguais e colocar as primeiras notas simultaneamente na primeira divisão, a segunda colcheia normal na quarta divisão, a segunda tercina na terceira divisão e a última tercina na quinta divisão. Fica mais fácil de entender vendo-se o exemplo 11 a seguir.
O método anteriormente descrito pode ser ampliado para alinhar quaisquer agrupamentos misturando divisões normais com irregulares ou irregulares com irregulares abrangendo inclusive vários tempos de um ou mais compassos procedendo-se assim:
- Encontrar a quantidade de notas de menor duração no grupo com divisão normal,
- Encontrar a quantidade de notas de menor duração no grupo com divisão anormal (quiálteras),
- Encontrar o mínimo multiplicador comum (mmc) dos dois,
- Usar tantas linhas quantas forem indicadas pelo múltiplo e distribuir proporcionalmente os dois grupos no gráfico.
O Exemplo 12, baseado em - porém simplificado a partir do de - Read (1979, pp. 192-193), mostra a distribuição e o alinhamento de dois grupos distintos. O primeiro grupo tem como menor duração a colcheia e há duas colcheias em cada semínima de quiáltera somando 6 no compasso inteiro. O segundo grupo tem como menor duração a semicolcheia e há 8 delas no total. Multiplicando-se 6 por 8 obtém-se 48, porém, o mínimo múltiplo comum é 24 e, portanto, precisa-se de apenas 24 linhas divisórias para alinhar os dois grupos.
Na Unidade 6B há exercícios para estudar e praticar este problema especial da notação musical.
20 - Compassos téticos, acéfalos e anacrústicos
O termo tético deriva do grego thesis que significa: afirmação. Por extensão de sentido significa em música a parte acentuada de um tempo ou compasso. Usa-se este termo para classificar um compasso em que há notas (exceto pausas, obviamente) no seu primeiro tempo, ou como os músicos costumam dizer: na cabeça do primeiro tempo do compasso. O termo acéfalo, que significa sem cabeça, refere-se a compassos em que não há notas na cabeça do primeiro tempo do compasso, mas há antes da metade do compasso. Em compassos em que a metade não cai na cabeça de um tempo, como nos compassos ternários, considera-se o primeiro terço. O termo anacrústico (que contém anacrúze) refere-se a um compasso em que as notas iniciam a partir da metade do compasso ou, no caso de compassos em que a metade nao é exata, depois do primeiro terço. Alguns casos estão mostrados no Exemplo 13 a seguir.
No caso de uma peça começar com anacrúse, o primeiro compasso não é contado (a contagem de compassos inicia no compasso seguinte) e, não inclui os tempos iniciais faltantes que serão compensados no final. Não é necessário completar o tempo com pausas se a anacruze começar na parte fraca do tempo. Ver o Exemplo 14.
Fim da Unidade de Durações.
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